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10 dicas para professores sobreviverem em 2018

1) Fuja dos anos 80

Nunca faça piadas ou gracinhas que embutam machismo ou outros preconceitos. Mesmo que pareça uma brincadeira inocente para você, não faça. A sociedade de hoje, felizmente, não aceita mais esse tipo de comportamento.

Se, assim como eu, você também já passou dos 40, resista aos anos 80 que moram em você.

O papel do professor é acolher. Entre os alunos há tão-somente pessoas – independentemente de idade, sexo, gênero, credo, orientação sexual, necessidades específicas, gostos musicais ou afinidades políticas. São seres humanos com um denominador em comum: estão na sala de aula para aprender.

Fuja das atitudes que afastam os alunos. Não importa se funcionava no Xou da Xuxa: o tempo do politicamente incorreto em sala de aula acabou, goste você ou não.

2) Seja britânico

A aula deve começar e terminar no horário cravado: nem um minuto antes ou depois.

O bom professor usa as ferramentas disponíveis para contornar o péssimo hábito do aluno brasileiro de chegar depois da hora e sair mais cedo. Mas que ferramentas são essas?

  1. escolha dos conteúdos para começar a aula: se for impossível fazer os alunos chegarem na hora, ministre nos primeiros minutos conteúdos que não vão atrapalhar a compreensão do resto da aula.
  2. O poder da “chamada“: use as presenças, atrasos e faltas para melhorar a pontualidade dos alunos.
  3. Pontos na prova: desafios que ajudam na nota podem ser dados nos primeiros ou últimos minutos da aula.
  4. Conteúdos muito valorizados pelos alunos, mas que não atrapalhem o entendimento do resto da aula como, por exemplo, dicas especiais para a prova.

O mais importante é criar o hábito.

O atraso é uma bola de neve: se você começar a aula 10 minutos depois do horário, os alunos que se atrasavam 10 passam a atrasar 20.

Se o professor libera mais cedo, os alunos começam a contar com isso e programar suas vidas de acordo. É preciso ser estrito nos horários e valorizar o tempo dos alunos pontuais.

E jamais fique enrolando durante a aula. Não use o tempo da chamada para bater papo com os alunos. O tempo em sala é precioso e as atividades burocráticas devem ser o mais ágeis possível.

3) Foco nos alunos

Durante a aula, os alunos são sagrados: não perca o foco neles. Responder e-mails, dar uma olhada no WhatsApp, deixá-los trabalhando enquanto faz outra coisa é heresia.

Nunca pegue o celular em sala de aula.

Muito cuidado para não dar atenção apenas para os alunos que gosta mais. O aluno mais quieto ou tímido pode ser o que precisa de seu apoio.

Não use sempre os mesmos alunos como exemplo, nem tenha atitudes que possam parecer privilégio, perseguição ou paquera.

4) Fuja da polêmica inútil

Se você é colega do Merlí e está ensinando filosofia, pode pular para a próxima dica. Mas, se a polêmica não for parte da disciplina, fuja dos assuntos que afastam os alunos de você.

Para ensinar a instalar bancos de dados, não fale de política. Se você está ensinando algoritmos, não discuta futebol. Não entre em polêmicas que não agreguem valor para sua disciplina.

Os alunos não querem saber se você vota no Bolsonaro ou no Boulos. Guarde para você.

Foco no conteúdo da disciplina!

Fuja também da polêmica em redes sociais. Não entre em discussões inúteis no Facebook, especialmente com alunos. Use essas ferramentas com profissionalismo e seriedade.

5) Combine tudo antes

Previna-se dos maus entendidos, combinando tudo com antecedência. Acerte as regras com os alunos no primeiro dia de aula:

  • Os critérios para aprovaçãopontos extrassegunda chamada e prova final.
  • Os critérios para atrasos faltas: que horas a chamada é feita? quantos minutos são tolerados antes de marcar um atraso ou falta? o que acontece com o aluno que sai mais cedo? é possível abonar faltas?
  • Todos os prazos da disciplina.
  • calendário de aulas, incluindo alguma mudança por viagem ou compromisso profissional.
  • Quando é aceitável fazer perguntas; se você quer que eles peçam autorização ao sair da sala de aula; e se você acha algum comportamento desrespeitoso, melhor colocar logo as cartas na mesa.

Os alunos conciliam seus estudos com outras atividades e precisam conhecer as “regras do jogo” para se organizarem.

Depois envie as regras por escrito para os alunos, publicando em um documento Google online e também através do representante de turma. De tempos em tempos, lembre-os em sala de lerem o documento.

6) Mantenha os alunos participando

Ninguém aguenta uma aula expositiva de duas horas. Vou repetir para fixar:

Ninguém aguenta uma aula expositiva de duas horas.

É uma tortura. Só um ou outro aluno com muita capacidade de atenção aprenderá algo depois da primeira meia hora. Esqueça esse formato: os alunos estão acostumados com um mundo multitasking, cheio de interrupções.

Não dá para manter o formato das aulas das décadas passadas e esperar bons resultados.

Mas como envolver os alunos? Há boas técnicas e ferramentas disponíveis, como estes três exemplos:

  1. Sou fã do Kahoot, uma ferramenta gratuita de quiz online. Ele permite altíssima participação dos alunos em sala, com uma técnica de gameficação. Com o Kahoot, os alunos podem concorrer entre si em um quiz de conhecimento, usando seus celulares. Dica de uso: faça um quiz no final de cada aula, valendo pontuação extra para a disciplina para os primeiros lugares.
  2. Há alguns dias, vi uma professora aplicando a técnica Coding Dojo para ensinar programação. Escrevi a respeito neste post. É um jeito interativo de ensinar programação, que mantém a turma inteira atenta.
  3. O clássico “Estudo de Casos”, promovido por Harvard há décadas, é eficaz para aulas de negócios e ciências humanas. Há vasto material no site da Harvard Business Review.

Envolver a turma não é perguntar “está todo mundo acompanhando?” ou “alguém tem alguma dúvida?”

Durante todo o tempo em que os alunos estão envolvidos com exercícios, é papel do professor estar atento e acompanhando-os. Nem pense em pegar no celular. Circule, tire dúvidas, apoie os alunos e limite as conversas paralelas.

7) Adapte suas aulas

As turmas podem viver em realidades muito distintas. O conteúdo da aula só vai tocar os alunos se fizer sentido em suas vidas.

  • Você dá aulas sobre sistemas operacionais, arquitetura e servidores? Que tal exemplificar ensinando a minerar bitcoins em vez de citar departamentos de grandes empresas?
  • Você ministra aulas de programação? Que tal desenvolver um app para útil para a faixa etária dos alunos, talvez para ajudá-los(as) a chamar o(a) colega para sair?
  • Você quer ensinar probabilidades? Que tal usar exemplos de eventos que ocorrem no dia a dia dos alunos?

Descubra o que cada aluno gosta, onde mora e o que faz além de estudar. Use a informação para oferecer exemplos envolventes, mas sempre com o cuidado de evitar estigmatizá-los com estereótipos.

Sentir-se pertencendo ao grupo fará com que prestem atenção às aulas e aprendam mais.

Outra adaptação essencial é para atender aos alunos mais avançados. Afinal, em quase toda turma há alunos que estão muito à frente dos demais.

Nestes casos, não espere o aluno reclamar do ritmo da aula. Tome a iniciativa: pegue alguns livros que você conheça bem na biblioteca e chame o aluno prodígio para conversar no final da aula. Explique que você precisa manter um certo ritmo para que os outros alunos consigam acompanhar a aula, mas que ele pode ir além estudando os livros indicados. Combine alguns prazos e desafios, caso o aluno esteja confortável.

8) Nunca jogue contra o time

A instituição conta com você como parte do time. Nunca tire o corpo fora. Se um aluno tem um problema, mesmo que não seja um problema que você pode resolver sozinho, ajude-o.

Você pode orientá-lo; ou pode ajudá-lo a enviar um e-mail relatando o problema; ou acompanhá-lo na secretaria; ou ainda acionar as pessoas certas.

Seu apoio é útil ainda que não seja a solução do problema.

Jogue no time. Mesmo que você não possa fazer o gol, passe a bola para o colaborador que pode. Não chute para fora de campo.

9) Use a tecnologia a seu favor

Não adianta lutar contra as redes sociais e os smartphones. É uma batalha inglória.

Use as ferramentas a seu favor:

  • Use o sistema de colaboração do Google Documentos para aumentar a interação entre os alunos durante os trabalhos em grupo.
  • Use o Kahoot para manter os alunos atentos.
  • Use os grupos de WhatsApp para lembrar a turma de seus prazos e atividades.
  • Use grupos de Facebook para discutir temas pertinentes à disciplina.
  • Use os notebooks que alunos trazem como ferramentas de pesquisa.
  • Use o sistema de perguntas anônimas do Google Apresentações para motivar a participação dos alunos durante as aulas. Não sabe o que é? Corra para descobrir!
  • Use o YouTube para indicar vídeos que complementem suas aulas.

10) Compre a briga pela ética

Estabeleça os limites e mantenha-se firme. É inaceitável que um aluno plagie ou cole.

O caminho mais fácil para o professor, que é fazer vista grossa para o problema, é inaceitável. O professor que aceita plágio torna-se corresponsável pela desvalorização do diploma dos alunos que estudaram e aprenderam.

Comprar a briga pela ética nas instituições de ensino é trabalhoso, mas é a forma de cada professor ajudar a construir uma cultura melhor em nosso país.

Nos últimos 25 anos, ministrei aulas para mais de 350 turmas de cursos livres e MBAs. Esse artigo reflete minhas experiências em sala de aula e como Pró-Reitor do Instituto Infnet. É um texto vivo: se você discorda de algo ou acredita que eu esqueci de algum ponto importante, faça seu comentário e eu terei prazer em debater, corrigir ou acrescentar.

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